segunda-feira, 7 de novembro de 2016

#109 - ANJO ENFERMO, Afonso Celso

Geme no berço, enferma, a criancinha,
Que não fala, não anda e já padece...
Penas assim cruéis por que as merece
Quem mal entrando na existência vinha?!

Ó melindroso ser, ó filha minha!
Se os céus ouvissem a paterna prece,
E a mim o teu sofrer passar pudesse,
-- Gozo me fora a dor que te espezinha.

Como te aperta a angústia o frágil peito!
E Deus, que tudo vê, não t'a extermina,
Deus que é bom, Deus que é pai, Deus que é perfeito

Sim, é pai, mas -- a crença no-lo ensina:
-- Se viu morrer Jesus, quando homem feito,
Nunca teve uma filha pequenina!...

Sem comentários:

Enviar um comentário