Mostrar mensagens com a etiqueta Anónimo. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Anónimo. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 16 de junho de 2014

#24 - THE GRAVE, Anónimo (séc. XIII)

Já tinhas pronta uma casa
inda estavas por nascer;
não é alta nem folgada,
mal te podes estender;
o tecto não se alevanta,
fica em cima do teu peito;
é à justa o comprimento
por tua medida feito;
as paredes são de terra
talhadinha com cautela;
não tem postigo nem porta
nem poderás sair dela;
chamas pelos teus amigos,
nenhum quedou a teu lado;
ninguém virá de mansinho
ver se dormes descansado:
pois só os vermes, aí
na pousada negra e fria,
não terão nojo de ti
e te farão companhia.
(versão de Luís Cardim)

domingo, 8 de junho de 2014

#22 - "Se apartada do corpo a doce vida", Anónima (século XVII)

Se apartada do corpo a doce vida,
Domina em seu lugar a dura morte,
De que nasce tardar-me tanto a morte,
Se ausente d'alma estou, que me dá vida?

Não quero sem Silvano já ter vida,
Pois tudo sem Silvano é viva morte;
Já que se foi Silvano venha a morte,
Perca-se por Silvano a minha vida.

Ah! Suspirado ausente, se esta morte
Não te obriga a querer vir dar-me vida,
Como não me vem dar a mesma morte?

Mas se n'alma consiste a própria vida,
Bem sei que se me tarda tanto a morte
Que é porque sinta a morte de tal vida.