Se a morte fosse uma casa branca
e eu tivesse uma palavra breve e obscura.
Se a morte fosse um sono tão leve
que o murmúrio do vento a deixasse enlouquecida.
Se a morte fosse o instante entre o ir e voltar
uma pedra redonda e frágil atirada ao sono
do mundo.
Reunia os meus mortos, falava-lhes da sombra
que habita nas coisas
das malvas rodeando o poço.
Talvez a música do vento nos salgueiros
ou a canção das abelhas ardesse
intacta por dentro das palavras.
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Jorge Fabião. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Fernando Jorge Fabião. Mostrar todas as mensagens
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
domingo, 20 de abril de 2014
#11 - "Há casas profundas", Fernando Jorge Fabião
Há casas profundas
onde resplandecem linhos desfeitos
passos de mulher
casas cheias de doçura
orações esquecidas
lâmpadas ardendo como conchas
casas com colinas de água por dentro
e contos de fadas
e anjos perplexos na caligrafia dos quartos
há casas atravessadas
por um dom luminoso e feroz
por um júbilo de rosas
e portas por abrir
onde resplandecem linhos desfeitos
passos de mulher
casas cheias de doçura
orações esquecidas
lâmpadas ardendo como conchas
casas com colinas de água por dentro
e contos de fadas
e anjos perplexos na caligrafia dos quartos
há casas atravessadas
por um dom luminoso e feroz
por um júbilo de rosas
e portas por abrir
Pedras Salgadas
21 de Agosto de 1999
quinta-feira, 10 de abril de 2014
#1 - "Eras a primeira a levantar", Fernando Jorge Fabião
Para a avó Ângela
Eras a primeira a levantar
acendias o lume
moías o café
abrias as portadas
Novembro era o teu mês
e nas íntimas orações
procuravas o ouro iluminado
o refúgio onde as brasas ardiam junto ao coração
Os netos (breves relâmpagos)
atravessavam o lameiro
e pensativos adormeciam próximos das aves
Na varanda anunciavas a sabedoria do mundo
os ninhos, as cerejas, o pão pobre das palavras.
Subscrever:
Mensagens (Atom)