As patas da noite esmagam
os lírios débeis da aurora.
Por invisíveis estradas
negros cavalos galopam.
Ao longe brilham dois lagos
da cor triste de teus olhos.
Dunas de angústia se formam
nas praias frias da morte.
Agito os braços. É inútil
tentar opor à corrente
de areia e sangue, que avança,
os versos frágeis de um poema.
É inútil falar de rosas
e frutos novos e agrestes
flores, quando no peito,
cardos apenas florescem.
A aurora é doce. E anuncia
um dia calmo, entre o canto
dos pássaros e a alegria
da primavera nos campos.
Amada, não mais veremos
o dia que se levanta.
Negros cavalos galopam,
já é menor a distância...
Serão altas como nuvens,
no céu claro da manhã,
as rosas que hão-de nascer
de minha carne e teu sangue.
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