no ano em que eu era comido pelo escorbuto
chegavam as tuas enviadas com limões de oiro
tu própria ias dessedentando a boca da viola
para salvar-me o canto
eis a ditosa amada, escrevi então
minha pátria
de amor e de morte
agora que tudo isso é uma ideia um repouso (José Carlos González)
terça-feira, 23 de janeiro de 2018
quarta-feira, 3 de janeiro de 2018
#124 - "Se a morte fosse uma casa branca", Fernando Jorge Fabião
Se a morte fosse uma casa branca
e eu tivesse uma palavra breve e obscura.
Se a morte fosse um sono tão leve
que o murmúrio do vento a deixasse enlouquecida.
Se a morte fosse o instante entre o ir e voltar
uma pedra redonda e frágil atirada ao sono
do mundo.
Reunia os meus mortos, falava-lhes da sombra
que habita nas coisas
das malvas rodeando o poço.
Talvez a música do vento nos salgueiros
ou a canção das abelhas ardesse
intacta por dentro das palavras.
e eu tivesse uma palavra breve e obscura.
Se a morte fosse um sono tão leve
que o murmúrio do vento a deixasse enlouquecida.
Se a morte fosse o instante entre o ir e voltar
uma pedra redonda e frágil atirada ao sono
do mundo.
Reunia os meus mortos, falava-lhes da sombra
que habita nas coisas
das malvas rodeando o poço.
Talvez a música do vento nos salgueiros
ou a canção das abelhas ardesse
intacta por dentro das palavras.
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